BGS 2018: Fizemos um balanço do evento


A convite do editor deste site, Clóvis Furlanetto, pude prestigiar a BGS 2018 (Brasil Game Show), a 11ª edição da considerada maior feira da América Latina. A feira contou com mais de 150 expositores, que incluíam desde duas das grandes três marcas de Consoles – Microsoft e Playstation –, até mesmo editoras de revistas gamers, e estandes para massagem, para quem passou o dia inteiro de pé. Também foi grande de público, tendo ingressos esgotados para pelo menos o sábado, dia 13 de outubro.

O evento é uma grande amostra da ascensão do mercado de games no Brasil, e da popularização deste, algo que há pelo menos 15 anos era visto ainda como um mercado de nicho, voltado para o público infanto-juvenil masculino. Prova disto é que no local se encontrava todo tipo de gamer – os fãs de console, mobile ou pcs, casuais ou hardcore -, de todas as idades – desde crianças até adultos cujo primeiro videogame foi um Telejogo -, e de todos os gêneros – segundo uma estimativa não oficial de Marcelo Tavares, criador e CEO da BGS, de uma mulher para cada dez pessoas nos primeiros eventos, aumento para entre quatro a seis para cada dez pessoas.

Nessa linha de raciocínio, o evento também primou por trazer títulos e empresas voltadas ao mercado mobile, particularmente as indies, e um expositor do jogo Freefire, um jogo do tipo Battle Royale somente para dispositivos mobile. É interessante essa dedicação em trazer algo, ainda que agora seja pouco, do mercado mobile, que ainda é visto como algo menor para os gamers mais conservadores, visto a quantidade de games casuais e mais simplórios.

Além disso, também mostra como a popularidade dos streamers e youtubers dedicados aos games no Brasil ampliou-se. Multidões moviam-se para poder tirar fotos, pegar autógrafos, e vê-los jogar ao vivo. Não eram raras as filas enormes para esses Meet & Greet – momento para tirar fotos e pegar autógrafos – com essas novas celebridades do mundo do entretenimento.

Junto a eles também havia os gamers profissionais de e-Sports (esporte eletrônico), forma competitiva profissional de games – que dificilmente inclui games de esportes. Essa forma de jogar já é antiga – a primeira associação de eSports, a Korea e-Sports Association (KeSPA), foi criada em 2000, embora já haviam jogos considerados esportes eletrônicos pela imprensa especializada desde 1993 –, porém vem tomando forças nos últimos anos.

Até mesmo times de futebol começaram a investir em equipes de e-Sports, um exemplo é o Flamengo, cuja equipe estava presente no evento. A presença de equipes e gamers de e-Sports era frequente em vários dos estandes maiores, contando com além dos Meet & Greet, também competições e partidas ao vivo entre estes.

Além destes dois grupos populares, a feira também contou com grandes nomes da indústria dos games, como Nolan Bushnell – um dos fundadores da Atari, que já veio no ano passado –, Charles Martinet – a voz de Mario, Luigi, Wario e outros –, Yoshiaki Hirabayashi – produtor do remake de Resident Evil 2 – e Shota Nakama – produtor musical, fundador da Video Game Orchestra, um famoso grupo orquestral dedicado à música de games, e o motivo de um dos maiores trending topics nas redes sociais devido a uma piada infame com seu nome, o que em tempos de eleição é uma proeza em tanto.

Todos tiveram suas palestras no espaço BGS Talks Twitch, e o Meet & Greet – participei de dois: de Daniel Pesina – Johnny Cage, e os ninjas dos dois primeiros Mortal Kombat – e o de Nolan Bushnell. Perdi, porém, o de Charles Martinet. O dublador, entretanto, passou tirando fotos com todos que, assim como eu, ficaram na fila esperando até o momento em que o horário de seu Meet & Greet acabou.

Um detalhe é que além dos convidados pela própria organização da BGS havia os convidados dos próprios estandes. Na maioria, eram youtubers, que anunciavam a seu público que iriam em seus próprios canais, porém em espaços como o da Sony, eram produtores, designers e outros envolvidos com a produção de jogos e hardware exclusivo da empresa, então tinha que se ficar atento não somente à programação da BGS, mas dose standes específicos.

No geral a organização do evento estava interessante, porém várias filas perdiam o controle de tão imensas. Além disso, certas posições mal localizadas resultavam numa confusão sonora considerável. Um exemplo disso foram os palcos dos estandes da marca HyperX, e da Warner Games, os dois virados para o mesmo corredor, e que quando havia dois grandes convidados sobre estes, era impossível de se passar entre eles, ou se ouvir, pois a poluição sonora também era igualmente grande.

Sobre os estandes, com exceção da Warner Games, de duas das grandes três – Microsoft e Sony – não havia espaço próprios só de publishers (publicadoras de games). As publishers se juntavam ou nessas três – como era o caso da Capcom, Ubisoft e EA, todas no mesmo estande da Warner Games – ou tinham algum jogo para testar em algum outro local – caso de Metro: Exodus, presente no stand da Nvidia. A Nintendo, a terceira das grandes três não trouxe nenhum estande, porém providenciou o palco do concurso de cosplays. Algumas produtoras/publishers sequer apareceram, como foi o caso da Bethesda Softworks, que alguns esperavam a presença, devido ao vindouro Fallout 76.

O fato acima era compensado por uma presença em peso de produtoras na Avenida Indie, uma parte da feira dedicada a jogos indie, mais especificamente brasileiros, na qual se refletia o fator bem diverso da feira incluindo jogos para todo tipo de plataforma. Nela era possível jogar e conhecer jogos das pequenas empresas e ver como o mercado brasileiro de games está crescendo num ritmo acelerado, e isso inclui a produção de games.

A BGS é um evento importante no Brasil, atraindo as grandes empresas, e demonstrando a estas como o mercado brasileiro dos games é digno de nota. Um evento que vale a pena ser visto, principalmente nos primeiros dias (normalmente menos lotados), visto que pode ser bem cansativo devido ao tamanho e número de atrações, além da grande presença de público.

por Ícaro Marques – especial para CFNotícias