Campus Party 2018: Ator Dan Martucci fala sobre o desafio de viver o vilão Senhor K. Oz em um game


Aos 34 anos, com mais de duas dezenas de peças teatrais no currículo, o ator Dan Martucci pensava já ter recebido todo o tipo de oferta de trabalho – até ser novamente surpreendido neste início de ano com o convite para encenar um vilão espacial. “Achei que era piada”, conta ele rindo. “Não pela personagem, mas por conta de onde a encenação ia rolar – longe de teatro ou de estúdio, eu devia dar vida à personagem no setting de um game!”, completa.

Depois de se certificar que não se tratava de piada, Dan topou na hora a parada – e desde 30 de janeiro está encarnando diariamente, durante as tardes e noites, o vilão Senhor K. Oz, maléfico anti-herói do jogo de escape A Nave, criado pelo Escape Hotel para ser jogado no estande do Banco Agibank na Campus Party 2018, em São Paulo. É o que Dan conta na entrevista exclusiva a seguir.

Escape Hotel: Saindo de papéis sérios em peças como Os Boêmios de Adoniran e Último Capítulo, ambas encenadas em palcos paulistanos, como está sendo atuar na nave espacial de um jogo?

Dan Martucci: Muito divertido, mas não só. Minha atuação, na sala de game, tem como objetivo levar o jogador a se sentir totalmente dentro do universo cósmico proposto, mostrando ao humano inclusive os seres que habitam estes outros rincões do espaço. A intenção do Escape Hotel fica clara já nos roteiros – é de levar o jogador a uma imersão no tema proposto em cada sala, o que exige um bocado do ator que deve funcionar como um abre-alas para a imaginação do jogador.

EH: Qual a diferença entre incorporar uma personagem no teatro, em vídeo ou em um jogo ao vivo, como o que você vive no novo game do Escape Hotel?

DM: É bem diferente. No teatro ou vídeo, criamos a personagem também levando em consideração a interação com os outros personagens, as nuances de expressão de acordo com o texto e assim por diante. Já nos jogos do Escape Hotel atuo utilizando o improviso e analisando sempre até onde a personagem pode ir com os jogadores, sem ultrapassar o limite do jogador.

EH: Olhando como público, a gente tem a impressão de que personagens de teatro tendem a ser mais tridimensionais que as de tv por exemplo. E as de um game?

DM:As de teatro são mais sólidas pelo fato de no palco o ator ter de viver integralmente a personagem. Estar ao vivo e sendo observado pelo público exige que sejamos totalmente a personagem. Na tv a edição sempre contribui para a construção da imagem da personagem. No game ao vivo não há edição, o que o aproxima da performance teatral.

Crédito: Divulgação

EH: Qual sua reação ao ser convidado pra atuar num game?

DM: Depois de ter certeza de que era a sério, considerei como um novo desafio a ser vivido como ator. Além de usar uma linguagem diferente da que sempre utilizei, também vi como a oportunidade de contato com o público de uma forma pouco usual. Estar em contato com pessoas diferentes em diversas situações, é uma das melhores lições para um ator observar.

EH: Pensando no campo do jogo como um palco, onde será que fica a quarta parede?

DM: No ambiente de jogo de escape a  imersão do jogador tem de ser a mais realística possível. A quarta parede não existe: temos de viver a personagem e passar realidade e interação para os jogadores.

EH: Pessoas normais têm reações anormais muitas vezes. A reação das pessoas tem o obrigado a mudar encaminhamento ou andamento do texto?

DM: Sempre! Ainda mais que, nesse caso, mexemos com a imaginação e com a ansiedade dos jogadores. As reações são as mais diversas: há jogadores que gritam e há aqueles que sequer se assustam. Eu, por meu lado, tenho que identificar os perfis, a fim de não exceder na atuação, e isso é um desafio e tanto.

Para mais informações, acesse: www.escapehotel.com.br.

da Redação CFNotícias