Crítica: A Odisseia dos Tontos


“A Odisseia dos Tontos” (La Odisea de Los Giles), dirigido por Sebastian Borensztein, se passa em uma pequena cidade de Buenos Aires, durante uma dura crise econômica no país. Um grupo de moradores decide formar uma sociedade para comprar um antigo silo abandonado em uma propriedade agroindustrial. Após juntarem a quantia necessária para dar início ao projeto, os sócios descobrem que foram vítimas de um golpe que os fez perder todas as suas economias. Agora, o plano é lutar para combater a injustiça.

Baseado em um livro “La Noche de La Usina” (2016) de Eduardo Sacheri, o longa traz adaptações sutis da obra literária e tenta manter ao máximo a fidelidade da história original. Ocorrem pequenas mudanças como a representatividade das personagens femininas  e o encaixe perfeito de doses de humor, que foi usado brilhantemente de forma irônica em algumas frases.

O filme traça um enredo voltado para um tipo de vingança bem-humorada, o que se adapta perfeitamente à narrativa, equilibrando de uma forma suave todo o contexto da história. Além disso, nos faz percorrer o caminho da curiosidade, já que ignora completamente os clichês de uma típica comédia.

A narrativa se passa durante o ano de 2001, época em que a Argentina enfrentava uma grave crise econômica – fato que deixou a produção com um aspecto mais realista sobre o que os personagens estavam vivenciando. Sem muita enrolação, o filme pontua críticas na medida certa e sabe dosar muito bem os breves momentos dramáticos.

Um dos motivos de maior orgulho da produção é, sem dúvida, a escolha do elenco, que conta com grandes atores como Andrés Parras que interpreta o vilão Fortunato Manzi, além de Ricardo Darín que vive o protagonista Fermín Perlassi, e que também teve a oportunidade de contracenar com seu filho Chino Darín. As atuações dos demais personagens são ótimas, há uma química muito grande entre eles, o que é algo perceptível em diversos momentos.

O longa é candidato a uma das vagas ao Oscar em 2020 na categoria Melhor Filme Internacional, mas enquanto esse dia não chega, vale muito a pena ir prestigiar essa produção nos cinemas.

por Victória Profirio – especial para CFNotícias