Crítica: A Possessão de Mary


“A Possessão de Mary” (Mary), que chega aos cinemas brasileiros, é o novo filme de Michael Goi, famoso por trabalhar como diretor de fotografia particularmente em séries – dentre elas “American Horror Story” e “Glee” –, estrelado por Gary Oldman e Emily Mortimer.

Quando David (Oldman) adquire um veleiro, e parte a navegar com sua família, coisas estranhas passam a acontecer, e Sarah (Mortimer), sua esposa, é a primeira a perceber que algo estranho está acontecendo, e precisa lutar para que a viagem não continue.

Não existe gênero cinematográfico mais cheio de clichês que o terror. Enquanto outros conseguem driblar, com mais ou menos frequência, seus padrões intrínsecos, o terror na maioria das vezes vai ao encontro destes. E “A Possessão de Mary” segue esta linha.

Maior exemplo está no fato de é basicamente um filme de mansão mal-assombrada, porém no lugar de uma residência, temos um barco. Outros exemplos estão na música, que é típica, os jump scares frequentes, e até mesmo a aparência da entidade, que muito lembra o estilo aplicado nos anos 2000.

O maior problema, no entanto, é a quantidade de boas ideias desperdiçadas: o casamento que sofreu com uma traição só aparece pontualmente e tem função narrativa insignificante; o espirito que é uma mistura de sereia, bruxa e fantasma, cuja as regras de suas ações são tão confusas, que torna difícil entender o que está acontecendo – e não de uma maneira positiva.

Além disso, a produção logo no começo escancara com qual tipo de assombração os personagens irão lidar, sem deixar muito ao suspense. Uma forma melhor de abordar, e que talvez fosse a intenção do roteirista Anthony Jaswinski, seria trabalhar um paralelo entre o horror enfrentado e as próprias tensões de um casamento. Isto não é impossível de se fazer sem deixar de criar um filme compreensível e assustador, porém a produção acaba por perder esta oportunidade.

Ainda que tenha várias falhas, o título merece parabéns pela atuação de Oldman, que mesmo não sendo a melhor de sua carreira, em alguns momentos deixa bem claro por que é tão aclamado, e acaba por vezes roubando a cena. Emily Mortimer, por sua vez, fica bem aquém de seus outros trabalhos, mas talvez o problema também esteja na direção de seu papel.

Enfim, “A Possessão de Mary” é um filme com potenciais pouco explorados, tanto narrativos, quanto de atuação. É para fãs de terror, em especial, quem gosta de tomar sustos e de jump scares, ainda que chegue uma hora em que eles deixam de ser tão efetivos.

por Ícaro Marques – especial para CFNotícias

*Filme assistido durante Cabine de Imprensa promovida pela Paris Filmes.