Crítica: Bacurau
O longa “Bacurau” dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, retrata a vida de alguns moradores no sertão brasileiro. Em certo momento, as pessoas do povoado notam que a cidade de Bacurau não está mais no mapa, de repente coisas fora do padrão do lugar começam a chamar a atenção: como drones sobrevoando a cidade, motoqueiros desconhecidos e assassinatos sem razão, logo, o povo percebe que há algo de errado e que alguma coisa precisa ser feita.
A ideia inicial do filme começou a ser produzida há dez anos, entretanto, acabou abordando questões que, infelizmente, ainda condizem com a nossa atualidade. Os fatores políticos foram o ponto de partida: o lugarejo era carente de muitos recursos, a comunidade basicamente dependia dela mesma para sobreviver e itens essenciais como remédios, água e livros vinham de longe. Em determinadas cenas, temos a presença do prefeito de Bacurau, que chega à cidade trazendo algumas mercadorias e mantimentos e realizando sua própria campanha, tudo em troca de conseguir a reeleição.
A crítica contida nessa sequência nos leva ao que vem acontecendo no Brasil: independente da cidade onde estamos, sabemos que muitos governantes apenas se preocupam em mostrar serviço nos períodos próximos a suas candidaturas. O fato de não estarem preocupados com a sociedade faz com que muitas vezes coisas que são inadmissíveis, sejam aceitas sem que haja um questionamento, em prol apenas do benefício próprio. Além do fato do vilarejo ser abandonado por completo politicamente, há outra questão muito importante que retrata a ganância e forma como ela pode ser destruída se houver a união do coletivo.
O longa é bem complexo e pode fazer parecer que muitas questões foram mal resolvidas, ou que talvez não façam muito sentido, por isso é necessário prestar atenção aos detalhes de cada cena. Por mais que pareça uma crítica, a produção tem o intuito de fazer com que a sociedade reflita sobre a sua maneira de agir e cobrar os seus direitos.
A história é cheia de simbologias e a principal lição que ela busca pautar é o quanto questões como educação e cultura são essenciais para uma sociedade. Sem elas, as pessoas podem ser facilmente manipuladas e o objetivo é que cada vez mais, a população busque bater de frente com aqueles que se aproveitam de sua ignorância.
por Victória Profirio – especial para CFNotícias