Crítica: Casa Gucci


Muitos devem saber que a Gucci é uma das maiores marcas de moda do mundo. Agora, o que talvez muita gente não saiba é que por trás de todo império fashion e glamour dos produtos está uma história de ganância, poder, loucura e morte – como diz o título do livro de Sara Gay Forden, no qual o filme é baseado. “Casa Gucci” (House of Gucci), do diretor Ridley Scott, nos conta justamente isso. Aliás, vemos de forma magistral a trajetória de Maurizio Gucci (Adam Driver) e sua esposa, Patrizia Reggiani (Lady Gaga).

E que história! Se você não tem profundo conhecimento do crime que cerca o casal, fique tranquilo(a) pois não entrarei em detalhes por aqui, afinal de contas, não quero dar spoilers e o longa é muito claro quanto ao que aconteceu. O que posso dizer é que estamos falando de algo tenso, louco e bem triste, ou seja, a obra é bem eficiente ao passar esse clima sombrio.

Isso acontece muito por conta do talento de Scott, que nos entrega uma contextualização de época (de 1978 até 1995) impecável e fiel. Único problema é que há momentos em que o ano de tal acontecimento não fica especificado, o que pode confundir algum espectador mais distraído. Por exemplo, não fica claro quando exatamente Maurizio resolve entrar para os negócios da família. Só um mero detalhe, pois, mesmo com esse “deslize”, é possível entender toda a trama.

Além disso, o elenco compensa qualquer descuido que o renomado diretor teve ao longo das 2h40 de duração da obra. Sim, pode acreditar: Gaga está fantástica em tela. É claro que há momentos em que percebemos na cantora a falta de experiência e apouca familiaridade com a profissão de atriz, mas dá para afirmar que ela é poderosa durante suas cenas, transmitindo elegância e intensidade nas emoções vividas por Patrizia, uma mulher sedenta por riqueza e status.

E Gaga não é a única que brilha. Adam Driver também está ótimo. Desde o início, o ator mostra ótimo entrosamento com sua parceira e passa para o público domínio sobre o seu personagem, um sujeito influente, mas com pouca habilidade nos bastidores corporativos.

Também vale destacar os trabalhos de Al Pacino, que vive Aldo Gucci, tio de Maurizio e  grande mandatário do império empresarial, e Jared Leto, que interpreta Paolo, o primo excêntrico do protagonista.

Sem dúvida, “Casa Gucci” chega aos cinemas com força e potência. Aqui, não estamos falando sobre um filme só de moda. Ele é bem mais que isso. É uma obra marcante, que fala sobre moda, relações pessoais, mundo corporativo, amor, inveja, ganância, loucura e muito mais.

por Pedro Tritto – Colunista CFNotícias

*Título assistido em Cabine de Imprensa promovida pela Universal Pictures.