Crítica: “Corra!”


Com sucesso estabelecido nos Estados Unidos, tanto em bilheteria quanto em opinião dos críticos em geral, “Corra!” (Get Out) estreia no Brasil em 25 de maio com todas as atenções voltadas para ele.

A história parece bem simples (talvez até demais) a princípio e mostra os planos de um jovem e apaixonado casal para passar um fim de semana na casa dos pais da garota. Mas engana-se quem pensa que a trama é tão frívola assim: por trás de uma aparente calmaria, uma tempestade chamada racismo se esconde de modo frio e assustador.

Chris (Daniel Kaluuya, maior destaque da produção, colhe inúmeros e merecidos elogios por sua atuação) é um rapaz negro que namora Rose (Allison Williams). É ele que vai sofrer as inesperadas consequências ao concordar com essa viagem à casa da família Armitage, onde residem os pais e o irmão da jovem, além de empregados que agem estranhamente (e que já seriam razão suficiente para qualquer um pegar sua malinha e dar o fora, mas aí não teríamos filme, então ok).

A direção de Jordan Peele torna-se eficiente ao mostrar de maneira sincera ao extremo, o que um assunto tão delicado / perturbador quanto o racismo pode causar a todos ao seu redor. Imagine uma granada que atirada na direção de um, acaba ferindo dezenas e terá uma vaga sensação do que o filme apresenta em seu roteiro.

Apesar do tema pesado, ainda sobra espaço para bem-vindos momentos de alívio cômico (que em nada ferem a narrativa, mas que ajudam o espectador a dar uma respirada), protagonizados por Lil Rel Howery que, no papel de Rod – melhor amigo de Chris – consegue arrancar risos da plateia e ainda manter sua importância na história.

É muito provável que a grande maioria dos espectadores não consiga fazer todas as descobertas necessárias antes dos momentos finais do longa, o que o transforma em uma excelente opção para os fãs de reviravoltas – esperadas, mas não óbvias o suficiente para serem decifradas por antecipação.

por Ana David – especial para CFNotícias