Crítica: Crimes em Happytime


Engana-se quem acredita que por se tratar de um filme com fantoches, “Crimes em Happytime” (Happytime Muders) seja infantil. Trata-se exatamente do contrário, o filme usa e abusa de palavrões e xingamentos além de violência e sexo gráfico – sim, estou falando dos fantoches mesmo. Se você se incomoda com conteúdo escrachado e explícito, ele definitivamente não é para você. Vale dizer que legenda brasileira inclusive é mais explícita e pesada do que o texto original.

Criado por Brian Henson, filho do criador dos Muppets, Jin Nelson, o longa tem como proposta subverter totalmente o clima infantil e inocente do programa de televisão. A trama inclusive trata dos assassinatos dos atores de um programa de TV, já finalizado, chamado Happytime Gang, que contava com atores humanos e fantoches.

No universo da produção, fantoches e humanos convivem, muito longe do que poderia ser chamado de harmonia. Os fantoches são tratados como cidadãos de segunda categoria, maltratados e nunca levados a sério pelos humanos. O filme nesse ponto pincela de leve questões como preconceito e segregação.

Na trama, uma paródia – ou homenagem, entenda como quiser – ao estilo noir, acompanhamos o fantoche e detetive Phil Phillips na investigação desses assassinatos, inclusive o do seu irmão, ator da antiga série. Para isso Phil tem que se unir a sua ex-parceira da época que era policial, com a qual não se dá nada bem, a detetive humana Connie (Melissa McCarthy), para resolver o intrigante caso.

Os méritos estão na construção do universo em que fantoches e humanos não se dão bem, tudo com uma abordagem noir e na construção da relação entre os detetives Phil e Connie, que rende ótimas risadas e se baseia numa misteriosa separação que vamos descobrindo ao longo da trama.

O longa talvez peque por, em muitos momentos, se demonstrar mais interessado em chocar o público do que em desenvolver seus temas centrais, ainda assim tem pontos atos – como a maravilhosa dublagem de Bill Barreta e as adoráveis aparições de Maya Rudolph –  e pode ser um bom entretenimento se você tiver, é claro, um bom estômago (ou fígado), pra isso.

por Isabella Mendes – especial para CFNotícias