Crítica: “Dragon Ball Super: Brolly”


Já faz quase trinta anos que Dragon Ball fez a sua estreia em terras tupiniquins pelo SBT. Desde então, a saga concebida nos mangás por Akira Toriyama conquistou uma legião de fãs brasileiros que cresceram acompanhando as aventuras de Goku e seus amigos.

Não é a primeira vez que a franquia Dragon Ball ganha tramas exclusivas para as telas dos cinemas: só a fase conhecida como Dragon Ball Super já teve dois longas e a aclamada fase Dragon Ball Z ostenta mais de doze filmes, sendo que vários foram devidamente dublados e distribuídos em cinemas brasileiros (inclusive uma certa atrocidade em live action conhecida como Dragon Ball Evolution).

Entretanto, essa é a primeira vez que um título da franquia Dragon Ball se mostra tão promissor e acerta em vários aspectos que até então nenhum longa tinha sequer chegado perto de acertar.

“Dragon Ball Super Brolly” traz uma série de personagens extremamente interessantes, com uma trama coerente e que de forma surpreendente se encaixa com perfeição no cânone do Anime –a maioria dos longas metragens não se preocupavam em respeitar a cronologia ou a coerência da série –, tornando esse o melhor filme baseado na franquia até o momento.

A trama se divide em dois momentos: o primeiro se passa no passado, há mais de quarenta anos do ponto onde a série se encontra. Vemos uma releitura do filme Bardock: o pai de Goku, no momento em que a raça Sayajin ainda não perdeu seu planeta natal e conhece o então jovem imperador Freeza. Temos a oportunidade de ver uma faceta diferente do Dragon Ball, remetendo em vários momentos a uma ópera espacial que evoca Star Wars com referências claras.

Nesse ponto da trama conhecemos Brolly, um bebê Sayajin extremamente poderoso, mais até do que o príncipe Vegeta, que supostamente deveria ser um prodígio. Com uma mistura de ciúmes e medo, o Rei dos Sayajins manda Brolly a um planeta distante e inabitável, entretanto seu pai desobedece as ordens do rei e segue seu filho até o planeta inóspito, aonde passa os próximos quarenta anos treinando e transformando Brolly em uma verdadeira máquina de combate.

O segundo momento se passa logo após o torneio do poder, último arco de histórias da fase Dragon Ball Super. Acompanhamos o imperador Freeza decidido a remontar o seu exército e reunir as esferas do dragão para realizar um desejo um tanto peculiar. Em sua busca por guerreiros poderosos, dois soldados de Freeza encontram Brolly, que é colocado em rota de colisão contra Goku e Vegeta.

A parte técnica desse longa está muito bem realizada, com uma animação bonita e fluida, que faz as inspiradas cenas de luta ficarem ainda mais impressionantes na tela do cinema – os cenários em muitos momentos parecem pinturas, muito mais detalhadas do que as apresentadas no anime. A trilha sonora também impressiona, com acordes que remetem às músicas clássicas de Dragon Ball e faixas inéditas, que em seus pontos mais inspirados insere vozes a capela que lembram a trilha de “Akira”.

Como ponto negativo, é necessário apontar algumas piadas que são inseridas na história de maneira forçada e em alguns momentos até de forma boba. As cenas com animação em CGI, que apesar de bonitas, não se equiparam às animações clássicas em 2D e nos momentos em que há sobreposição dessas imagens, ocorre um estranhamento pela diferença de qualidade.

Entretanto essas ressalvas nem de perto conseguem ofuscar o brilho da produção, que se mostra divertida, bem animada, e recheada de ação, com um gancho para uma continuação que pode ser explorado tanto na televisão quanto no cinema.

“Dragon Ball Super Brolly” chega ao Brasil com um altíssimo nível de qualidade, uma trama bem construída e coerente para os padrões dos demais longas da série e com uma dublagem que como sempre se mostra impecável. Se os próximos projetos da saga vierem com esse nível, Dragon Ball ainda tem fôlego para se manter relevante por, pelo menos, mais 30 anos.

por Marcel Kosugi – especial para CFNotícias