Crítica: Fragmentado


Para quem não conhece tanto a carreira de M. Night Shyamalan, ele é conhecido por criar finais surpreendentes, casos de “O Sexto Sentido” e “Corpo Fechado”. Isso não ocorre em “Fragmentado”, seu novo trabalho, porém, não quer dizer que o longa seja ruim. Pelo contrário! Com até pequenas surpresas, a produção é intrigante, tensa, sombria e agoniante.

Uma das razões do suspense ser tão bom é a presença de James McAvoy. Vivendo um vilão bastante sinistro, o ator é intenso e profundo em sua interpretação. Na pele de um sujeito que possui mais de vinte personalidades diferentes, ele hipnotiza o espectador com olhares penetrantes e trejeitos peculiares que guiam cada uma de suas ações.

Vale destacar as principais personalidades que o protagonista entrega: entre elas, está Hedwig, um menino de nove anos, que tenta se conectar com uma das jovens sequestradas – o interessante é que mesmo com uma aparência bem mais velha, McAvoy consegue transmitir os sentimentos e as sensações do garoto. Outro exemplo é Patrícia: é verdade que a “moça” tem um jeito delicado, mas é impossível não sentir medo e pavor da personagem, já que o tempo inteiro ela mexe com a cabeça e o emocional das jovens indefesas.

Na história, Dennis (uma das personalidades do protagonista) sequestra três meninas e as tranca em um porão. Lideradas por Casey (Anya Taylor-Joy), as garotas percebem que o sequestrador muda de comportamento constantemente e passam a se comunicar com cada nova personalidade que aparece, buscando uma forma para escaparem do local.

Desde a primeira cena, em que o vilão chega de maneira inesperada para pegar suas presas, a tensão toma conta. E isso é ótimo, afinal de contas, já permite que o espectador entre no clima da trama e comece a especular o que pode acontecer com os envolvidos. E a boa notícia é que esse tom segue firme até o final.

Se levarmos em conta “O Sexto Sentido”, “Corpo Fechado” e até mesmo “Sinais”, “Fragmentado” não é o melhor filme de M. Nigh Shyamalan. No entanto, ele serve como uma redenção para o diretor, o que não é pouca coisa. Finalmente podemos esquecer títulos controversos do cineasta, como “A Vila”, “O Último Mestre do Ar” e “Depois da Terra”.

Por Pedro Tritto – Colunista CFNotícias