Crítica: Gloria Bell


Uma mulher madura amante da liberdade com um espírito envolvente, essa é a protagonista de Gloria Bell”, que chega aos cinemas com uma narrativa bem simples: o filme procura mostrar a realidade de uma mulher no auge dos seus cinquenta anos, deixando a seguinte mensagem: não devemos depositar a nossa felicidade nas mãos de outras pessoas, pois somente nós somos capazes de conquistá-la.

O desempenho de Juliane Moore é de uma sensibilidade e sutileza que cativam o público, porém isso não é novidade tendo em vista as suas atuações em Para Sempre Alice e Amor a Toda Prova. O enredo não é dos melhores, mas ela com todo o seu gabarito e olhar cativante consegue prender a atenção do espectador e fazê-lo mergulhar na história.

O que chama a atenção na obra também é a filmagem, sempre com enfoque no quarto de Gloria – isso faz a diferença pois através dos ângulos utilizados conseguimos entender quem é a personagem, suas angústias e medos ao final de cada dia. Em determinados momentos ela é a mulher forte, decidida e livre, já em outros é apenas uma mãe solitária com saudades dos filhos.

Com este enredo, a produção, mesmo que indiretamente, faz referência ao empoderamento feminino, afinal, a mensagem de que ela não precisa de um companheiro para ser feliz pois ela já é o suficiente, e esse conceito do “eu me basto” são muito comuns atualmente. E o mais fantástico é que Gloria não se resume aos seus problemas diários, ela não tem definição, não cabe em rótulos.

Talvez por a personagem ser um exemplo de leveza e liberdade e não seguir fórmulas,  ela seja tão engraçada. O espectador irá se identificar em diversos momentos, sejam eles nas frustrações amorosas ou na cantoria no caminho do trabalho – que revisita grandes clássicos do rock e da música romântica, e migra das inesquecíveis canções de Bonie Tyler e Toni Braxton para as canções que estão em ascensão atualmente, trazendo aquela gostosa sensação nostálgica nos transportando para aquela época novamente.

Este é um remake da produção Chilena “Gloria”- dirigido novamente por Sebastian Lélio, todavia esse tem um diferencial bem explícito que é o empenho em dar consistência à história contada em seu centro. Boa parte dessa consistência vem da confiança depositada em Juliane Moore na construção de uma visão mais aprofundada sobre a personagem.

O filme é classificado como romântico, mas ele também é uma produção motivacional, com todas as falas dando ênfase à autoconfiança, motivação para seguir em frente, e sempre mostrando o quanto a vida pode ser bela.

por Leandro Conceição – especial para CFNotícias