Crítica: “La La Land – Cantando Estações”


Existem sensações na vida que são inexplicáveis, você apenas fecha os olhos e contempla. Um dos grandes motivos para elas são os sonhos, que podem nos levar da melancolia a um estado pleno de felicidade. Assim é “La La Land – Cantando Estações” (La La Land), um filme para ser contemplado e que nos faz transitar por diversos sentimentos, mostrando que somos movidos por nossos sonhos e pelo desejo de realizá-los.

O longa já começa com uma sequência de tirar o fôlego. Em uma rodovia completamente congestionada em direção a Los Angeles, jovens saem de seus carros cantando, dançando e sapateando, e até mesmo uma banda surge de um furgão fazendo a alegria do público – e quando você percebe já está dançando junto – ou pelo menos mexendo os pezinhos na sala de exibição.

A metáfora presente neste início mostra os aspirantes a artistas que peregrinam no mundo todo em direção ao ideal de uma carreira no cinema. A animada cantoria acaba quando o trânsito se normaliza e todos retornam aos seus veículos, para seguirem em busca de seus objetivos, supostamente a poucos quilômetros dali.

Somos apresentados aos protagonistas Sebastian (interpretado por Ryan Gosling), um pianista de jazz, que tem a aspiração de abrir uma casa noturna dedicada a esse ritmo musical – mesmo sabendo os riscos – e Mia (papel de Emma Stone), uma atriz que sonha com seu futuro cinematográfico de sucesso, mesmo que sua realidade no momento seja trabalhar como atendente num café dentro dos estúdios da Warner Bros., enquanto aproveita os espaços de tempo para participar de testes de elenco.

Damien Chazelle, diretor aclamado por “Whiplash – Em Busca da Perfeição”, arriscou-se no gênero musical e a empreitada deu mais do que certo. O cineasta responsável pela direção e roteiro, reverencia, através do cenário e do figurino, os anos de 1950 / 1960, a chamada “Era de Ouro” dos musicais, mas pequenos detalhes como celulares, carros e diálogos nos mostram que o filme se passa nos tempos atuais. Damien resgata com essa obra toda a essência artística e musical vivida nesses anos e que talvez faltem em nossa época atual (dando a sensação, pelo menos em mim, que nasci na década errada).

Os efeitos da “iluminação exagerada” trazem um ar poético à trama, e a câmera se movimentando durante as cenas mostra a naturalidade de cada gestos dos atores. O diretor faz uso de todos os recursos e elementos técnicos a favor de sua história. O que impressiona é o fato de com sua pouca idade, 31 anos, já ter essa capacidade e sensibilidade de representar tão bem, uma época dos sonhos (artisticamente), que não foi vivida por boa parte dos espectadores e tampouco por ele.

“La La Land – Cantando Estações” é um musical merecedor de premiações em diversos aspectos técnicos e artísticos, que consegue com a mesma fluidez provocar risos e lágrimas. A obra proporciona ao público a oportunidade de conhecer uma excelente trilha sonora que deve ficar na mente de muitos ao sair da sala de cinema, além de surpreender com o inesperado desfecho de sua história.

Corra para conferir.

por Caroline Lima – especial para CFNotícias