Crítica: O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos


309732id8_TheHobbit_TBOTFA_Character_Tauriel_48inW_x_70inHCom relação à estrutura narrativa, “O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos” começa no mesmo ponto onde “A Desolação de Smaug” termina, sem um prólogo. Ou seja: o primeiro conflito a ser resolvido é o ataque de Smaug à Cidade do Lago. A ruina de Esgaroth é angustiante, mas a forma como o Dragão é derrotado talvez tenha sido um pouco forçada…

Um comentário sobre esta primeira parte: o Dragão passa de “antagonista principal”, em “A Desolação de Smaug”, para acessório narrativo para compor melhor os personagens de Esgaroth, em especial Bard.

A segunda parte filme, relativamente contínua ao ataque de Smaug, refere-se à libertação de Gandalf em Dol Guldur. Galadriel, Saruman, Elrond e até Radagast atuam de forma coordenada e complementar para resgatar o Cinzento.  Esta parte talvez seja uma transição da primeira para a terceira, vez que esta última surge com a consequência da queda do dragão e a destruição de Esgaroth: como os personagens de cada núcleo (Erebor, Cidade do Lago, Floresta das Trevas e Dol Guldur) encaram a queda do Dragão.

Mas ainda sobre a questão de Dol Guldur, vemos os Nove em ação, com Sauron, contra o Conselho Branco e… que espetacular esta sequência! Vemos Galadriel e seu anel em ação, junto com um frasco brilhante que já vimos em O Senhor dos Anéis. Eis aqui o primeiro gancho direto para o Senhor dos Anéis. Nenhuma menção expressa ao cajado do Radagast passar para o Gandalf, mas é o que acontece efetivamente. Mas justamente por ser uma “sequência de transição”, também é curta.

Na terceira parte, vemos Thorin sucumbindo à doença do Dragão, a relação dele e Bilbo se aprofundando, bem como de Thorin com os demais integrantes da Companhia. Além disso, vemos como o povo da Cidade do Lago se une por um bem comum e se refugia em Valle, e como Thranduil age por motivos pessoais, não se importante muito com o resto do mundo. Legolas e Tauriel vão investigar os orcs que atacaram a Cidade do Lago, Azog e Bolg coordenam suas tropas. Bilbo faz o que tem que fazer com o Coração da Montanha e Thorin cai nas sombras de forma triste e revoltante.

A quarta parte é a batalha dos cinco exércitos propriamente dita. E que batalha! Realmente Peter Jackson sabe conduzir um evento grandioso e complexo como este como poucos e de forma épica. A tentativa de Bard evitar a Guerra, Gandalf tentando explicar que o perigo é muito maior, Thorin cada vez mais ganancioso. Mas a chegada dos anões e dos orcs de Moria muda tudo!

Os anões são maravilhosamente caracterizados. Suas armas e armaduras e toda sua estrutura bélica são lindamente tratados. Mas o aparato de guerra dos Orcs é ainda mais impressionante.

Azog lidera o bando, dividindo os exércitos em várias frentes de batalha. Até que Bolg chega do Norte com uma outra hoste negra. As águias salvam o dia, junto com a saída espetacular dos anões da Cia de Erebor. Nesta última parte, Radagast e Beorn dão as caras. Pena que por pouquíssimo tempo. Os conflitos se resolvem. Thorin vs Azog; Tauriel/Legolas vs Bolg. A despedida de Thorin e Bilbo é diferente do livro, mas não menos emocionante. Diria mais: diria que é melhor trabalhada e de acordo com um campo de batalha.eagles-attack

O fim está próximo e a última parte é a volta de Bilbo para o Condado, com o coração partido, mas mudado como Gandalf prometeu. Sim, o leilão existe, mas a transição de volta para “O Senhor dos Anéis: a Sociedade do Anel” é perfeita, com um reencontro de velhos amigos.

Está tudo lá e a essência da obra é retratada na adaptação. Nem mesmo os malabarismos élficos e um polêmico beijo tiram o brilho do filme, que é lindo e emocionante.

Sei que se trata de uma única história contada em três filmes, mas se muitos consideram “O Retorno do Rei” o melhor dos três filmes da trilogia anterior, este é sem dúvida, o melhor e mais lindo da atual. Não me envergonho: chorei do começo ao fim.

E, no fim, temos tudo aquilo que o professor nos ensina como valores: a queda dos grandes e a ascensão dos pequenos, a amizade, o amor, a família e o respeito pelos outros seres vivos como grandes lições.

por Franz Brehme – especial para a CFNotícias