Crítica: O Mistério de Henri Pick


Chega aos cinemas uma inusitada e comovente “história de detetive” que fará seu coração e sua alma lembrarem tempos em que o cinema era feito por filmes com mais conteúdo e emoção. “O Mistério de Henri Pick” resgata belas sensações humanas  que antes eram o elemento mais importante das produções.

Mas há perseguições, explosões, assassinatos em câmera lenta? A resposta é não, por isso a produção é um colírio para olhos sedentos por mais títulos com qualidade estética e roteiro simplesmente delicioso.

Sua trama é narrada pela busca da editora Daphné Despero (Alice Isaaz) por uma obra literária de sucesso. Ela descobre uma obscura biblioteca bretã com manuscritos rejeitados e nunca publicados. Lá encontra um romance que considera que poderá ser uma grande sensação e é isso que acontece, mas uma coisa que incomoda é justamente o autor Henri Pick, um pizzaiolo que morreu dois anos antes da descoberta da obra.

Não é o preconceito pela profissão do escritor que aguça a curiosidade do crítico literário Jean-Michel Rouche (Fabrice Luchini), mas a aparente incongruência da história, aumentada com a informação passada pela viúva  Madeleine (Josiane Stoléru) de que Henri nunca escreveu nada em toda sua vida, nem mesmo foi visto lido um livro alguma vez. Com tantos segredos, Rouche se junta com a filha de Henri, Joséphine (Camille Cottin), para tentar desvendar este mistério.

E é pela intrincada busca da dupla que a narrativa é desenrolada aos olhos dos espectadores e nos leva por novas questões das relações humanas e de conceitos como amizade e amor. Por este caminho somos conduzidos pelo diretor do filme, Rémi Bezançon, que com sua sensibilidade orquestra as peças de uma enigmática e intrigante procura que a princípio parece não fazer sentido, mas ao chegar ao seu final mostra que a vida que nem sempre imaginamos pode ser mais interessante do que a realidade do cotidiano.

Vá ao cinema e aproveite maravilhosos momentos cinematográficos como antigamente.

por Clóvis Furlanetto – Editor