Crítica: Rainha de Katwe


Cena de A Rainha de Katwe

Uma menina analfabeta que mora em uma das regiões mais pobres do mundo mostra para o mundo que pode se tornar uma das melhores jogadoras de xadrez do mundo. É basicamente esse o enredo de “Rainha de Katwe”, longa da Disney que conta a vida de Phiona Mutesi (Madina Nalwanga), garota de Uganda que se tornou grande campeã do famoso jogo de tabuleiro.

Sem condições de ir para a escola e com a obrigação de ajudar a mãe (Lupita Nyong’o) a criar os irmãos, a jovem acaba conhecendo Robert Katende (David Oyelowo), sujeito que tem um programa para ensinar esporte para crianças carentes. A garota se interessa pelo xadrez e, a partir daí, começa a perceber que sua vida pode mudar de vez.

Baseado em um artigo da ESPN escrito por Tim Crothers, o filme cativa pois se destaca por saber passar emoção sem forçar demais, ou seja, é possível detectar doses de realidade ao longo de aproximadamente duas horas.

Quero dizer que o foco aqui não está na dificuldade de Phiona em atingir o seu objetivo e, sim, no seu amadurecimento como pessoa e como xadrezista. Prova disso é que vemos suas derrotas e até sua arrogância quando se torna uma especialista no jogo. Paralelamente, notamos a luta que seu treinador tem para viabilizar as participações nos campeonatos.

Aliás, a construção dos personagens coadjuvantes também vale ser elogiada. Destaque para a jornada de Katende, que não consegue arrumar um emprego para poder sustentar sua família e no voluntariado a oportunidade de crescer como pessoa, e para a mãe da protagonista, que resiste no início mas depois tenta encaixar a filha nesse novo universo.

Claro que “Rainha de Katwe” tem seus clichês e não foge do óbvio, porém, consegue ser inspirador. Preocupada em não fugir da realidade, a mensagem final é tocante, principalmente por mostrar que as conquistas de Phiona não servem para mudar o local onde nasceu, mas permite que o povo pudesse se orgulhar de onde vieram.

Por Pedro Tritto – Colunista CFNotícias