Crítica: Rambo: Até o Fim


Chega aos cinemas o retorno de um dos maiores heróis de ação da década de 1980. Rambo: Até o Fim (Rambo: Last Blood) é o renascimento de um personagem que marcou toda uma geração.

Quando Sylvester Stallone estreou Rambo: Programado para Matar (ou no original, First Blood) em 1982, acredito que não tinha ideia do sucesso que seu personagem adaptado da literatura de ação “First Blood” do autor David Morrell, publicado em 1972, teria décadas mais tarde.

Aliás, o nome “First Blood”  é o original do primeiro filme e neste temos “Last Blood” para se relacionar com “primeiro sangue” e “último sangue” uma jogada fenomenal para a obra – aqui no Brasil a tradução de títulos sempre deixou a desejar, mas não vamos deixar que isso estrague este magnífico filme.

Depois de 1982 tivemos ainda Rambo: First Blood Parte 2 (1985), Rambo III (1988) e Rambo (2008) e este último teve um final que nós fãs (sim, sou colunista de cinema e fã dessa franquia, mas isso não afeta minha imparcialidade) acreditamos ter sido a aposentadoria de John Rambo, mas um guerreiro nunca descansa e cá está o boina verde de volta a ação.

Ao final do capítulo IV (2008) ele retorna a sua casa no Arizona e este encerramento é agora o ponto de partida de “Last Blood” (Até o Fim). Está cuidando da fazenda da família, vive com sua governanta e a neta dela Gabrielle e tudo esta bem até a menina decidir encontrar seu verdadeiro pai no México. Aí a coisa fica feia: ela é sequestrada e usada como escrava por um cartel de tráfico humano e Rambo vai até lá para resgatá-la. Este é o enredo básico da trama, mas não vou contar mais para não estragar as diversas cenas emocionantes e de ação que irão se suceder em decorrência do resgate de Gabrielle.

Mas vamos ao que interessa: o que representa esta nova produção em relação às anteriores é o fato de termos um personagem mais maduro, quem lembra do início sabe do que estou falando. Rambo foi concebido para ser uma máquina de guerra, sem emoções ou sentimentos e seu único objetivo era o de destruir os inimigos de seu país. Ao longo do tempo ele foi percebendo nuances de cinza nas ordens de seus superiores e que nem tudo era apenas certo ou errado.

E agora Rambo agora está mais cansado e pensativo do que nunca, mas não de velhice e sim por conta dos anos que passou nas guerras que enfrentou, tanto físicas quanto emocionais. Notamos isso ao vermos que no terreno da fazendo ele criou uma espécie de bunker – ou túneis parecidos com aqueles que usava no Vietnã – e troca a confortável casa por uma cama de campanha do exército.

É um roteiro voltado à reflexão e à guerra, mas fujam das críticas que são ácidas demais, pois não estamos assistindo a um drama, mas a um filme do gênero ação, ou seja, tiros, pancadarias e muitas coisas incríveis que acontecem apenas no cinema. A pretensão da obra não é ser uma produção “cabeça” como poderiam ser chamadas as obras mais conceituais.

Sylverter Stallone está ótimo no retorno ao seu papel mais emblemático, todos os elementos que nos cativaram no lançamento de Rambo décadas atrás estão lá. O planejamento, as estratégias, as armadilhas e a vingança de um soldado contra os malfeitores do mundo que escapam da justiça. As cenas de morte são eficientes, e apesar de algum jorro aparentemente exagerado de sangue ou explosões desnecessárias, tudo está dentro de uma precisão que me surpreendeu.

Há violência, mas nada que não vejamos pior nos noticiários de nosso cotidiano. De qualquer modo, aconselho que os pais sigam a classificação indicativa de 18 anos, pois nunca é bom expormos nossas crianças a conteúdos que não sejam para seu perfil.

Vá ao cinema para se divertir, relembrar e se emocionar com um filme repleto de ação, mas vale a dica de assistir aos filmes anteriores para conhecer mais da história deste icônico personagem. Mesmo se não puder, não há problema, pois não ficará perdido na história.

por Clóvis Furlanetto – Editor