Crítica: Tel Aviv em Chamas


É positivamente curioso como as produções cinematográficas conseguem se reinventar, e trazer algo novo sem perder o clímax que só o cinema tem, e que faz com que os espectadores vibrem ao assistir.

“Tel Aviv Em Chamas” surge trazendo para as telonas um novo olhar sob o cinema israelense, sendo uma sátira dramática apresentada de maneira cômica e um tanto inusitada. Levar a ficção para dentro da ficção e fazer dessa mistura uma comédia clássica não é para qualquer um.

Produzido por Sameh Zoabi e Dan Kleinman, o longa faz uma abordagem dinâmica e totalmente orgânica ao retratar o cenário político de Israel com personagens leves e ao mesmo tempo importantes dentro de sua atuação.

O enredo da trama é muito interessante, levando-se em conta que logo de início, a primeira cena é a gravação de uma série que tem o nome do filme “Tel Aviv Em Chamas” e que confunde o espectador, pois aparentemente parece ser algo real dentro da produção.

A forma como os personagens são apresentados se destaca durante as cenas, como, por exemplo, o general Assí (Yaniv Biton) militar responsável pela proteção da barreira que divide as cidades de Telv Aviv e Jerusalém, um general meio peculiar, do tipo que foge de todos aqueles preceitos militares e gosta de incrementar sua vida matrimonial, mesmo que isso dependa de uma terceira pessoa, ou de um produtor de tevê.

Salam (Kais Nashif) é o produtor e roteirista da série e desde que cruzou a barreira comandada por Assí, seus dias nunca mais foram os mesmos. O longa mostra a rotina de um roteirista que se vê frustrado em meio a sua carreira, sem criatividade para escrever cenas que sejam capazes de atrair público para sua série, o que lhe faz viver situações inusitadas durante seus momentos de criação.

No decorrer da narrativa é impossível não rir das piadas internas entre os personagens e se deliciar com uma história que a todo momento foge do contexto dramático.

Vale ressaltar que Sameh Zoabi além de produzir o longa-metragem também o dirigiu, e partiu dele a ideia de levar uma série para dentro de um filme, o que de cara parece ser prejudicial, mas que, no entanto, foi um diferencial surpreendente e bem sucedido. Zoabi fez questão de mostrar Israel como realmente é, sem fugir do conceito religioso e nem de todos os ocorridos no país. Os cenários mostram um Oriente Médio real e sem inibições, o que agrega ainda mais interesse aos cinéfilos de plantão.

“Tel Aviv Em Chamas” é uma produção inteiramente orgânica e fundamental para o cinema mundial. Vale lembrar que o cinema israelense está crescendo cada vez mais e merece ser prestigiado por suas produções. Aos amantes do gênero drama, com cenas reais e com um toque sútil de comédia, esta é uma ótima indicação.

por Pompeu Filho – especial para CFNotícias

*Filme assistido durante Cabine de Imprensa promovida pela Pandora Filmes.