Crítica: Um Banho de Vida


Uma ideia singela onde a inversão de gêneros é seu conceito principal, trazendo uma nova visão sobre a masculinidade e a representatividade feminina, tanto no campo profissional como também no pessoal, “Um Banho de Vida” (Le Grand Bain) deixa claro a sua proposta humorística, ao juntar um grupo de homens maduros com vários problemas pessoais e fracassos em suas carreiras, todos com histórias em comum – afinal, a vida sempre tem suas surpresas.

Ao formar uma equipe de nado sincronizado masculino (esporte que, de acordo com a época retratada no filme, é mais reservado para mulheres) – eles encontram em suas semelhanças um novo estímulo de vida. Após se inscreverem no campeonato mundial da modalidade, todos têm a oportunidade de sonhar novamente, de ter seus problemas financeiros resolvidos e ainda driblar a depressão. É importante dizer que o roteirista conseguiu definir muito bem a trajetória de cada um dos personagens, tornando cada drama como se fosse o principal.

“Um Banho de Vida” se destaca pela afinidade das figuras em cena que faz até o espectador encontrar semelhanças não apenas emocionais, mas também físicas. Outro fato é que não é qualquer produção nesse segmento que consegue reunir atores desse nível como Félix Morato, Philippe Katerine, Guillaume Canet, o belga Benoît Poelvoorde, Mathieu Amalric e Jean-Hugues Anglade. Com esse conjunto de nomes poderosos do cinema francês, o resultado não poderia ser melhor, cada um com sua particularidade de atuação – mas quando se juntam cada olhar e gesto distinto torna as sequências sensacionais.

O elenco feminino também conta com todo o gabarito profissional das atrizes Marina Foïs, Virginie Efira e Leïla Bekhti, todas com papéis fortes e que exigem intensidade nas cenas, transmissão de emoções através do olhar. Não é novidade que elas iriam desempenhar a função com maestria.

O diretor Gilles Lellouche oferece uma estética um tanto quanto ousada, ao apresentar uma nova perspectiva de vida a esse grupo de fracassados, fazendo- os repensar e reconstruir a vida. O ápice da direção é a cena de apresentação do time, pois há certa irreverência do cinegrafista, utilizando elementos de superzoom aliados aos efeitos de iluminação que deixam a produção mais jovial e ousada.

É notável que todos elementos técnicos em conjunto com o talento do elenco, têm a capacidade de fazer o espectador ir do choro ao riso e vice e versa, e é nesta hora que podemos perceber que o filme deu certo.

por Leandro Conceição – especial para CFNotícias