Crítica: “Um Limite Entre Nós”


Se você está acostumado a ver filmes de ação e suspense protagonizados por Denzel Washington, como “O Colecionador de Ossos” e “O Livro de Eli”, com certeza não o reconhecerá em “Um Limite Entre Nós” (Fances).

O enredo situado em 1950, em Pittsburgh (EUA), apresenta um cenário ainda difícil e opressor para os negros, mesmo depois da segunda guerra mundial – isso fica evidente nas falas e ações dos personagens. E é nele que conhecemos Troy Maxson (Denzel Washington), um cidadão comum que trabalha como coletor de lixo. Sua rotina simples de trabalhar, voltar para casa, beber e conversar com o seu melhor amigo Jim Bono (Stephen Henderson) – que nos rende boas risadas –, por vezes, esconde seu temperamento difícil e a complexidade do seu personagem.

A maioria das cenas ocorrem na casa de Troy, onde recebe a visita de seu filho mais velho, Lyons (Russell Hornsby), e mora com sua esposa Rose Maxson (Viola Davis) e Cory Maxson (Jovan Adepo), seu filho mais novo.

Lyons é músico e Cory tem o sonho de construir uma carreira no esporte; sonho que outrora foi de seu pai, mas acabou se tornando a raiz das suas frustrações. Os conflitos entre pai e filhos se tornam constantes, principalmente com Cory. O rapaz pensa apenas em treinar e acaba não procurando um emprego, deixando seu pai muito irritado e descontente.

Enquanto os filhos tentam alcançar seus sonhos, o pai acredita que não existe espaço para negros no mercado de trabalho que não seja “trabalho braçal”. Eis que cabe a Rose, sempre dedicada à família, ajudar os garotos a convencer Troy que os tempos mudaram e existe sim, chance deles conquistarem seus objetivos, apesar do preconceito. O racismo serve como pano de fundo da trama principal que é a relação familiar dos Maxson.

Para parte dos espectadores, o filme pode se tornar cansativo devido às longas cenas e diálogos extensos. Ainda assim, é possível sentir empatia pelos personagens, principalmente por Rose, que é capaz de passar por cima do próprio orgulho para manter sua família unida.

“Um Limite Entre Nós” foi dirigido por Denzel Washington, e é a adaptação da peça teatral homônima escrita por August Wilson em 1987, que foi ganhadora dos prêmios Pulitzer de Drama e Tony Award.

Em 2010, a atriz Viola Davis recebeu o Tony Award como melhor atriz principal da peça de teatro, e em 2017 ganhou o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante, ambos por interpretar Rose Maxson. No mesmo ano, o filme também recebeu indicações de Melhor Roteiro Adaptado e rendeu a Denzel – que venceu o SAG Awards em janeiro – a indicação de Melhor Ator por interpretar Troy Maxson.

por Guilherme Moura – especial para CFNotícias