Crítica: Vox Lux – O Preço da Fama


Após uma tragédia que a deixou nacionalmente famosa e uma cerimônia fúnebre depois de um acontecimento violento, a adolescente Celeste (interpretada por Raffey Cassidy, de início, e depois por Natalie Portman), se torna uma cantora popstar com a ajuda de sua irmã Eleanor (Stacy Martin) e de seu agente (Jude Law).

Mesclando drama e musical, e com um ar de documentário, “Vox Lux – O Preço a Fama” (Vox Lux) mostra os perigos e percalços do mundo da música e da fama ao nos apresentar a ascensão da jovem Celeste e seus esforços, já adulta, para se recuperar de um escândalo que abalou sua carreira. Narrado pela voz de Willem Dafoe, o glamour da carreira meteórica da protagonista é desconstruído para nos mostrar a gama de problemas pessoais e profissionais da cantora e do mundo pop.

Escrito e dirigido por Brady Corbet, o filme consegue nos impregnar da sensação sufocante das pressões que a fama traz, incrivelmente passada tanto por Natalie Portman quanto por Raffey Cassidy, que depois interpreta a jovem Albertine, filha de Celeste.

Com uma performance forte, hipnotizadora e, por vezes, perturbadora, Natalie prende o olhar do telespectador e entrega um personagem complexo com toda a sua necessidade de renascimento e aceitação, ao mesmo tempo que desconectada da própria realidade. Sobre isso a personagem diz, em um determinado momento, como mais nada do que ela faça realmente importa demonstrando como ídolos pop podem ser praticamente personagens criados e retroalimentados por seus próprios fãs.

A trilha composta por Sia se alinha muito bem ao longa e o figurino é quase um personagem à parte, dramático, exagerado mas incrivelmente atraente, seja pela estranheza do tema sci-fi do sexto álbum da cantora, ou por um glamour um tanto surreal permitido apenas a artistas e celebridades.

Com uma interessante crítica à violência e à cultura pop, é possível ver em “Vox Lux – O Preço a Fama” uma mistura de influências de artistas, desde Elvis Presley à Lady Gaga, e também uma reflexão sobre a relação dos fãs e da sociedade com seus popstars e ídolos que, elevados quase ao status de divindade, batalham com sua essência humana e seus próprios egos, numa mistura tocante e irônica de narcisismo e insegurança que faz a fama ter um preço alto demais.

por Isabella Mendes – especial para CFNotícias