Crítica: Walt nos Bastidores de Mary Poppins


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Imagine conhecer os bastidores de Mary Poppins (1964), um dos clássicos mais famosos e incríveis da Disney. As histórias, as músicas e inúmeras curiosidades dos bastidores, até então desconhecidas, agora não serão mais “segredo” graças ao filme “Walt nos Bastidores de Mary Poppins” (Saving Mr. Banks).

Com roteiro de Kelly Marcel (Cinquenta Tons de Cinza), a produção procura mostrar o longo caminho percorrido desde as primeiras conversas com a autora australiana Pamela Lyndon Travers até a estreia mundial do filme em agosto de 1964. Foram necessários cerca de 20 anos para que P. L. Travers aceitasse finalmente vender os direitos de seu livro para a Disney produzir o filme.

Walt Disney – interpretado de forma magnífica por Tom Hanks – conheceu a história de Mary Poppins através de suas filhas, em 1938 – o livro havia sido lançado em 1934. Desde então tentou persuadir Pamela Travers – Emma Thompson – a transformar sua obra em filme, porém, sem nenhum sucesso. Até que, em 1961, o agente de Travers a convenceu de que deveria vender os direitos autorais, já que a autora não estava em boas condições financeiras.

Mesmo relutante, ela foi até Los Angeles, nos Estados Unidos, se encontrar com o Sr. Disney, em pessoa, para que pudessem discutir todas as suas condições e enfim assinar o contrato. O que, segundo o longa metragem, Pamela não fez assim que chegou.

Ao invés disso, a autora continuou impassível e decretou que só assinaria a concessão dos direitos após participar de reuniões, para decidir cada aspecto do script. Vale lembrar que neste ponto o roteiro já havia sido escrito e os atores escolhidos, entre outros detalhes já estabelecidos pela equipe composta pelos irmãos Sherman, compositores, Don DaGradi, o roteirista, entre outros. Porém, Pamela simplesmente não gostou de absolutamente nada do que lhe foi apresentado e decidiu mudar tudo, ou praticamente tudo.

Ao que tudo indica Mary Poppins foi, de certa forma, baseado na história da pequena Helen Goff, verdadeiro nome de Travers. Por isso, a autora não queria que fosse feita uma adaptação, já que ela era atormentada por lembranças de sua infância e o filme a faria recordar diversos fatos e feridas. Além disso, Pamela odiava animações e dizia que Disney transformaria sua Mary Poppins em um “desenho animado tolo”.

Depois de muitas discussões e do poder persuasivo de Walt Disney, a autora australiana finalmente  vendeu os direitos e o filme foi lançado mundialmente, com grande festa no Teatro Chinês, em Hollywood, no dia 27 de agosto de 1964.

O longa destaca a autora P. L. Travers como uma mulher extremamente séria, solitária, apática, “turrona”, que não sorria e não tinha amigos, características que tornam o filme bastante engraçado e ao mesmo tempo triste, a partir do momento em que se aprofunda nas memórias da infância de Pamela.

Mas o foco do filme não são somente os bastidores de Mary Poppins, e sim também o próprio Walt Disney, e o que ele fez para conseguir que o mesmo fosse realizado. A interpretação de Tom retratou Walt como uma pessoa carismática, que gostava de se envolver em cada projeto, muito simpático, engraçado, alegre, amoroso, persistente, decidido e que, sobretudo, queria o bem e a felicidade de todos. Características que também poderão deixar o público ainda mais apaixonado pela figura do querido Sr. Disney, o “Rei da Fantasia”, como era conhecido.

É importante lembrar que nem tudo que foi exposto no filme aconteceu realmente da forma em que foi narrado. P. L. Travers, por exemplo, não assinou o contrato somente em 1961, na verdade ela vendeu os direitos em 1959, quando Walt Disney a encontrou para uma conversa “cara a cara” em Londres, onde a autora morava. A roteirista Kelly Marcel modificou algumas outras coisas para que a história ficasse ainda mais emocionante e envolvente.

A conclusão que fica é que “Walt nos bastidores de Mary Poppins” é um filme lindo, interessante, comovente e também com um tom de humor, que com certeza, vai fazer os fãs da Disney voltarem ao passado. Vale muito a pena!  O longa chega aos cinemas brasileiros nesta sexta-feira, 7 de março.

 por Tabatha Moral Antonaglia – especial para CFNotícias