Críticas de Graciliano Ramos e Lima Barreto ao futebol no Brasil são tema do Placar Literário


Graciliano Ramos e Lima Barreto: grandes nomes da literatura brasileira que travaram um duro embate com o futebol. Foi neste clima, que, reunidos no Placar Literário na noite desta segunda (2), o jornalista Dênis de Moraes, autor da biografia “O velho Graça”, e o historiador Joel Rufino dos Santos, autor de “Claros Sussurros de Celestes Ventos”, comentaram as desavenças de “Graça e Lima, os falsos inimigos da bola” com a maior paixão nacional. Com mediação do jornalista Vitor Iório, a mesa debateu sobre as motivações que levaram esses dois autores a criticar a presença do futebol no Brasil.

“Lima Barreto é o meu escritor preferido, mas a relação dele com o futebol era muito ruim. Ele detestava o esporte, escrevia muito mal sobre tudo o que era relacionado a ele. Chegou a criar uma liga contra o futebol para impedir a consolidação dele no país”, contou Joel Rufino. Tanto Lima Barreto como Graciliano Ramos tinham uma visão politizada do futebol, o que gerou diversas censuras a sua presença no Brasil. “Lima Barreto acreditava que o futebol deseducava as pessoas, causava discórdias entre os estados e estimulava o racismo, já que na época os negros não podiam jogar”, completou.

Dênis de Moraes também atentou para a época em que os dois escritores criticaram o futebol. “O cenário do futebol que Graciliano afirmou ser improvável de se consolidar no Brasil era ainda muito primitivo. O esporte tinha chegado ao país há uns 20 anos, e as previsões que Graciliano havia feito, e que não vieram a se concretizar, se adequavam somente à realidade do sertão, que era a sua realidade na época”, contou. “Tanto que Graciliano escreveu somente duas vezes sobre o futebol, depois nunca mais tocou no assunto”, concluiu.

Curta o voto

Nesta segunda-feira de Bienal do Livro, os adolescentes superaram todas as expectativas do Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro ao lotar o espaço #acampamento na bienal para a mesa “Curta o voto”. Alavancado por dados que mostram que apenas 17% dos adolescentes de 16 e 17 anos têm titulo de eleitor, o encontro foi marcado pelo incentivo à participação em todo o processo eleitoral.

No começo da conversa, Marcelo revelou sua crença de que o baixo percentual seja reflexo da falta de perspectiva popular no voto como instrumento de transformação. Entre os presentes, a opinião se dividia: alguns se mostraram descrentes graças à corrupção e ao assistencialismo, enquanto outros se mantêm esperançosos de que os recentes protestos suscitem reais transformações.

O paradoxo entre a presença da juventude nas ruas e ausência nas urnas eleitorais foi um dos principais pontos levantados, algo que, na visão do juiz, se deve principalmente à facilidade de se manifestar na coletividade. Ele defendeu que o TJRJ desenvolva projetos de incentivo à participação democrática e legítima por meio de outras ferramentas, como a fiscalização e a própria manifestação pacífica.

No domingo

Dois debates movimentaram o espaço Placar Literário, na Bienal do Livro Rio, na tarde de domingo. No primeiro, Mário Magalhães mediou o encontro entre José Miguel Wisnik e Bernardo Buarque de Hollanda, que falaram sobre o amor e o ódio nas arquibancadas no Brasil. A conversa abordou temas como a violência, música nas torcidas e a mudança estrutural nos estádios para a Copa do Mundo. “Estamos num momento de imposição de um comportamento padrão para o torcedor por parte da FIFA. Por um lado há mais conforto e regalias, mas isso também neutraliza a paixão do torcedor. Em vez do torcedor apaixonado pela equipe, teremos nos estádios o consumidor”, defendeu Buarque de Hollanda.

“O melhor é termos o futebol aliado à consciência crítica, o que, a meu ver aconteceu, nas manifestações de junho. A Copa das Confederações e a eminência da Copa do Mundo fizeram com que os protestos ganhassem força”, afirmou Wisnik, defendendo que tal situação comprova que o futebol não aliena as pessoas.

O segundo encontro de domingo no Placar Literário foi entre Flávio Pinheiro e Milton Temer, com mediação do jornalista Luiz Fernando Vianna, agradou aos saudosistas do futebol – principalmente vascaínos e botafoguenses. Intitulado “O Botafogo de Paulinho e o Vasco de Drummond”, o bate-papo relembrou casos de Garrincha e do Expresso da Vitória (como era conhecido o time cruz-maltino na década de 40) com base nas crônicas de Paulo Mendes de Campos e Carlos Drummond de Andrade. “Drummond era torcedor do Vasco porque o time de São Januário foi o primeiro a escalar um negro na equipe”, contou Temer.

Já no Mulher e Ponto, a atriz Cristiana Oliveira, a jornalista Fernanda Thedim, a nutricionista Bia Rique e o doutor Walmir Coutinho se reuniram para um bate-papo sobre os benefícios e danos de uma dieta para emagrecer. A rodada de perguntas foi recheada de histórias pessoais da plateia e questões relacionadas à perda de peso.
Durante o debate, especialistas ressaltaram o aumento alarmante no número de obesos no Brasil, ressaltando a importância do desenvolvimento de políticas públicas que mostrem a necessidade de uma alimentação saudável. “O governo realmente precisa atuar de maneira mais incisiva para que os alimentos naturais cheguem aos mercados a preços acessíveis. Só assim a população poderá mudar seus hábitos”, ressaltou o Dr. Walmir Coutinho.

Cristiana Oliveira dividiu com a plateia o drama vivido durante a adolescência, quando desenvolveu distúrbios alimentares, chegando a pesar mais de 100 kg. “Tive altos e baixos nessa trajetória do emagrecimento e, apesar de tentar de tudo, sempre acabava voltando à reeducação alimentar. É o que funciona”, comentou a atriz.

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da Redação CFNotícias